Lisboa e a Água
Apesar de ser uma
cidade banhada por um rio com um largo estuário, Lisboa nem sempre teve água para abastecer a sua população. Esta chegou a
trazer conflitos e preocupações.
A primeira solução
foi apresentada pelos romanos: um aqueduto. Este levava as águas de Belas até Lisboa que ia abastecer termas, balneários e
fontes. Contudo, já na Idade Média só restavam alguns vestígios.
Para além dos poços
e cisternas da colina do castelo, apenas dois grandes chafarizes junto ao Tejo abasteciam a cidade.
Só no tempo de D.
Sebastião, propôs-se ao rei a construção de um novo aqueduto só que não houve tempo para se dedicar à sua concretização. Muito
mais tarde retomou-se a construção do aqueduto.
O rei decretou novos impostos, conseguindo o
dinheiro necessário para que a 12 de Maio de 1732 seja assinado o decreto para a construção do Aqueduto das Águas Livres.
Embora houvessem muitas pessoas contra esta medida,
em 1748 as águas já corriam no novo aqueduto. No entanto, só em 1799, sessenta e sete anos após o início da construção, a
obra foi acabada.
O objectivo principal
do Aqueduto era abastecer os chafarizes, construídos já com esse propósito, um pouco por toda a cidade.
Foi nessa altura que, a par com outras figuras
da cidade (os limpa-chaminés, as leiteiras, as vendedoras saloias, a célebre mulher da fava rica), surgiram os famosos aguadeiros,
na sua maioria homens de origem galega, que transportavam pelas ruas da cidade barris de água que vendiam a quem passava.
Os problemas
de abastecimento de Lisboa não estavam, no entanto, resolvidos. Em pouco tempo se concluiu que as águas trazidas pelo aqueduto
não eram suficientes. O governo procurou então encontrar uma empresa particular que se encarregasse do abastecimento da cidade.
Não foi fácil, à nova Companhia de Lisboa, conseguir
fazer os seus propósitos. Muitos agricultores, moleiros e industriais sentiram-se prejudicados e foram necessárias negociações
até o assunto se resolver. Em Outubro de 1855 é assinado o contrato definitivo entre o Estado e esta empresa, as obras de
novas captações iniciam-se, mas as divergências com o Governo começam a surgir.
Em 1868 foi criada uma nova Companhia das Águas
de Lisboa. Comprometia-se assegurar a rede de distribuição e o serviço de incêndios e a dar um passo de gigante na história
do abastecimento de água à cidade: trazer para Lisboa as águas do rio Alviela. E o desafio foi conseguido: a 19 de Setembro
de 1880 dão entrada no Reservatório dos Barbadinhos as primeiras águas, trazidas de mais de 100 km
de distância. No final do século XIX a situação tinha de facto melhorado, com a água a correr com fartura nos chafarizes e
nas fontes e também nas casas dos habitantes de Lisboa. A partir de 1935,
a companhia das Águas de Lisboa começa a abastecer outros municípios para além de Lisboa.